Qui, 19 Mar, 01h10
ST. POELTEN, Áustria (Reuters) - O austríaco Josef Fritzl foi condenado nesta quinta-feira à prisão perpétua em um hospital psiquiátrico por manter em cativeiro e estuprar a filha em um porão durante 24 anos, ter sete filhos com ela e causar a morte de um deles, ainda recém-nascido."Eu aceito o veredicto", disse o austríaco, de 73 anos, após a decisão unânime do júri, composto por três homens e cinco mulheres, no tribunal de St Poelten, a oeste de Viena. A Promotoria também aceitou a decisão dos jurados, o que significa que não haverá recurso.
Autoridades do tribunal disseram que Fritzl voltará à cela da prisão local enquanto aguarda transferência para uma instituição destinada a condenados com problemas psiquiátricos, onde será submetido a tratamento.
As condições de Fritzl poderão ser reavaliadas em 15 anos e, em teoria, se ele for considerado recuperado poderá ser solto, acrescentaram as autoridades. Mas tanto Fritzl como seu advogado disseram esperar que ele passe o resto de sua vida encarcerado.
Fritzl havia se declarado culpado de incesto, estupro, escravidão, coerção e homicídio, além de negligência pela morte de um recém- nascido. Inicialmente, ele negou as acusações de assassinato e escravidão, mas reverteu seu depoimento após assistir ao depoimento em vídeo de 11 horas de sua filha Elisabeth, exibido no tribunal na terça-feira.
O engenheiro aposentado foi considerado culpado de assassinato do bebê, a acusação mais grave, porque ele não buscou ajuda, apesar de saber que a criança corria risco de morte.
"Não posso fazer mais nada em relação (ao que aconteceu)... Lamento isso do fundo de meu coração", disse Fritzl em sua declaração final em seu julgamento, que durou quatro dias.
O advogado de Elisabeth disse que as declarações de Fritzl não parecem ser sérias, sugerindo que o réu estaria apenas buscando uma sentença mais branda.
O advogado de defesa Rudolf Mayer confirmou relatos de que Elisabeth teria comparecido ao julgamento na terça-feira e disse que Fritzl ficou "arrasado" quando a viu na galeria no momento em que o vídeo estava sendo exibido.
Mayer disse que não teve envolvimento nenhum com a mudança de atitude de Fritzl, que decidiu se confessar culpado de todas as acusações.
Em seu argumento de encerramento, a promotora-chefe, Christiane Burkheiser, disse que Fritzl degradou Elisabeth "para uma condição de dependência total e a tratou como sua propriedade".
"AGONIA DE MORTE"
Ela disse que Fritzl cometeu assassinato porque teve 66 horas nas quais poderia ter procurado assistência médica para seu filho recém- nascido, cujos problemas respiratório foram causados em parte pelo fato de o cordão umbilical ter ficado enrolado em seu pescoço, mas que não fez nada e deixou o menino morrer, ciente do que estava acontecendo.
"Ele não apenas viu, mas ouviu a agonia de morte do bebê durante 66 horas", disse Burkheiser.
Mayer argumentou que Elisabeth não descreveu a luta do recém-nascido para viver no diário que escreveu na cela.
Burkheiser também disse que Fritzl demonstrou possuir "habilidade inacreditável de manipulação", por exemplo ao atrair sua filha para o porão, fazendo de conta que precisava de ajuda para carregar uma porta.
"Não se deixem ser enganados, como Elisabeth foi enganada 24 anos atrás", disse a promotora, referindo-se à confissão feita por Fritzl na quarta-feira.
Eva Plaz, a advogada de Elisabeth, disse que a confissão de culpa de Fritzl não deve ser interpretada como sinal de remorso.
"Ninguém conhece o réu tão bem quanto minha cliente (Elisabeth). Posso afirmar que o que vocês ouviram ontem não foi uma confissão. Por que apenas ontem ele mudou de idéia?", questionou a advogada.
Com expressão sombria, Fritzl chegou ao tribunal na quinta-feira para a última sessão do julgamento cercado por uma dúzia de policiais. Ele vestia o mesmo terno cinza amassado, com camisa e gravata azuis.
Promotores disseram que as crianças que cresceram no cativeiro nunca tinham visto a luz do dia e eram obrigadas a assistir a Fritz estuprando a mãe delas repetidas vezes.
"A necessidade básica dele era de poder. É uma necessidade de dominação, de poder, de controle", disse em seu depoimento a psiquiatra Adelheid Kastner.
Os abusos cometidos por Fritzl vieram à tona em abril do ano passado, quando ele levou a filha mais velha que teve com Elisabeth ao hospital, depois de ela ficar gravemente doente.
Elisabeth e seus seis filhos, que tinham entre 5 e 19 anos quando o cativeiro foi descoberto, e três dos quais viveram no cativeiro desde que nasceram, hoje estão em local não identificado, com identidades novas.
Três das crianças foram criadas na parte superior da casa por Fritzl e sua esposa Rosemarie, depois de Fritzl ter dito às pessoas que Elisabeth entrara para uma seita e abandonara seus filhos.
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